terça-feira, 20 de novembro de 2012

Proposta da disciplina


O título deste post é "Proposta..." porque sempre é possível rever, modificar, criar, inovar e melhorar os métodos de busca pelo conhecimento. 
Desta forma, estaremos o tempo todo revendo nossa prática, para assim, tomar consciência de quem somos, do que buscamos, para onde queremos ir e, principalmente, o que queremos nos tornar.
Deixem eu lhes falar um pouco sobre esta disciplina no contexto da Biblioteconomia...
A proposta desta disciplina se baseia em conteúdos voltados para a teoria da Representação Temática que tem suas raízes na classificação do conhecimento. Esta, surge com base na filosofia Aristotélica, sendo Aristóteles um dos pioneiros na arte da classificação do conhecimento humano.
A importância da classificação do conhecimento permanece viva até os dias de hoje, quando passamos a adotar as ontologias para classificar o conhecimento, com o auxílio da máquina.
No entanto, outros instrumentos para classificar o conhecimento são utilizados no âmbito da Biblioteconomia. Alguns deles são os sistemas de classificação (CDD, CDU, Colon Classification, etc), os quais serão seus aliados no decorrer do curso e de suas vidas profissionais, e foram criados por pensadores que nos deixaram como legado, sua visão de mundo, seu modo de interpretar o conhecimento e o formato desta interpretação. Daqui para frente, durante todo o curso, estes sistemas serão visitados, revisitados e utilizados por vocês, estudantes de Biblioteconomia.
Começaremos os estudos pelas bases filosóficas e depois partiremos para as teorias contemporâneas da classificação moderna.
O roteiro deste estudo tem como proposta inicial:

 EMENTA DA DISCIPLINA
Fundamentos de representação temática.
Princípios e métodos aplicáveis ao processo de análise temática documentária e à representação do conteúdo informacional dos registros do conhecimento. 
Teoria da classificação aplicável aos sistemas de classificação, listas de cabeçalhos de assuntos, tesauros e ontologias.

METODOLOGIA
Aulas expositivas dialogadas. Seminário de pesquisa.


AVALIAÇÃO 
1º bimestre: 1 prova (7 pontos), perguntas sobre texto da Clarinda Lucas (1 ponto), 1 resenha (1 ponto)glossário (1 ponto).
2º bimestre: Seminário (3 pontos), 1 resenha (2 pontos) e 1 prova (5 pontos).


Referências adotadas

Básica
CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Linguagem documentária: teorias que fundamentam sua elaboração.Niterói, RJ: EdUFF, 2001.
DIAS, E. W.; NAVES, M. M. L. Análise de assunto: teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2007.LUCAS, C. Leitura e interpretação em biblioteconomia. Campinas: Unicamp, 2000.
FONSECA, Edson Nery da. Apogeu e declínio das classificações bibliográficas. [* Palestra proferida durante a Conferência Brasileira de Classificação Bibliográfica, Rio de Janeiro, 12-17 set. 1976.] Disponível em: http://www.conexaorio.com/biti/nery/index.htm Acesso: 16 nov. 2012.
KAULA, Prithvi N. Repensando os conceitos no estudo da classificação. Disponível em:http://www.conexaorio.com/biti/kaula/index.htm Acesso em: 16 nov. 2012.
LUCAS, Clarinda. Leitura e interpretação em Biblioteconomia. Campinas, SP: UNICAMP, 2000.
NAVES, Madalena Martins Lopes; KURAMOTO, Helio. Organização da informação: princípios e tendências. Brasília: Briquet de Lemos, 2006.
PIEDADE, Maria Antonietta Requião. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. 

Complementar
BREITMAN, Karin Koogan. Web semântica: a internet do futuro. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
DAHLBERG, Ingetraut. Teoria do conceito, Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 7, n.2, p. 101-107, 1978. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/1680/1286 Acesso em: 16 nov. 2012.
FEITOSA, Ailton. Organização da informação na web: das tags à web semântica. Brasília: Thesauro, 2006. 
FOSKETT, A. C. A abordagem temática da informação. São Paulo: Polígono, 1973.
LANGRIDGE, Derek. Classificação: abordagem para os estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 1977.
SILVA, Fabiano Couto Correa da; SALES, Rodrigo. (Org.). Cenários da organização do conhecimento: linguagens documentárias em cena. Brasília: Thesauro, 2011.



TAREFA 1 - Resenha

Anuncio que vocês tem uma tarefa a realizar, a qual será devidamente avaliada.
É a realização de uma resenha a respeito da introdução e do capítulo 1 do livro:
LUCAS, Clarinda. Leitura e interpretação em Biblioteconomia. Campinas, SP: UNICAMP, 2000. p. 13-34. ( cópia do material no xerox do CC, pasta 913).
Entrega: 14 de dezembro em sala de aula.
Avaliação da tarefa: 1,5 pontos (individual).
Critérios adotados na avaliação: entrega no dia solicitado, coerência e coesão na escrita,  poder de síntese dos principais temas abordados, análise crítica do texto.
Utilizaremos a aula do dia 7 de dezembro para lermos e discutirmos o texto em sala de aula. Por isso venham com o material para discussão em sala, o qual já deverá estar previamente lido e com as considerações e dúvidas apontadas por vocês, para que nossa discussão seja proveitosa e possa contribuir com o desenvolvimento da resenha.
Como realizar uma resenha: Uma resenha é um resumo crítico de algum objeto de consumo cultural. Pode se fazer a resenha de um livro, de um filme, de uma peça teatral, etc.
Neste caso, vocês farão a resenha de três partes da obra indicada, conforme solicitado.
A diferença entre uma resenha e um resumo é que, enquanto o resumo aborda apenas a visão do autor sobre os aspectos que a obra apresenta, uma resenha abordará, além da visão do autor, um contraponto entre o que o autor aborda na obra e a perspectiva do resenhista sobre a mesma, bem como seus comentários, questionamentos, posições e impressões.
Para auxiliar no desenvolvimento do trabalho, indico o seguinte material para consulta:
PUCRS. Como elaborar uma resenha. Disponível em: http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php
PESSOA, J. M.; NAHMIAS, M.; BRASIL, M. Diretrizes básicas para a elaboração de uma resenha. Belém, PA, 2004. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/6689720/Modelo-de-Resenhhttp://pt.scribd.com/doc/6689720/Modelo-de-Resenha
Bom trabalho!

Perguntas que nortearam a análise do texto e cujas respostas devem aparecer de algum modo na resenha.
1. O que a discussão sobre ideologia tem haver com o bibliotecário?
O discurso do bibliotecário é estabilizado por uma memória e produz um imaginário deste profissional. Há relação entre a ideologia e o bibliotecário porque a forma como o bibliotecário é visto está relacionada à ideia que se tem dele, por um imaginário formado pela memória, muitas vezes ele é visto somente como o guardião dos livros. Sua própria visão pessoal é distorcida. Este profissional não reconhece a inexistência da possibilidade de neutralidade na leitura documentária, critério ainda tão exigido e defendido por autores que tratam com o processo de indexação. Assim como também o bibliotecário não costuma questionar que sua própria ideologia, enquanto profissional, é resultado de uma história baseada em poder. Em quem tem o direito de pensar (pesquisadores, autores, escritores) e quem é pensado (bibliotecário e demais profissões que reproduzem ideologias estagnadas). 

2. Por que a autora considera falso o dilema entre o erudito/técnico, idealismo/pragmatismo?
Porque para a autora o importante é a discussão em torno do que o bibliotecário produz, do resultado da sua divisão do trabalho de leitura.

3. Segundo a divisão do trabalho de leitura, Pechêux diferencia entre sujeitos que organizam os arquivos (classificam e indexam) e sujeitos autorizados a ler, escrever e interpretar. Quem são estes dois sujeitos distintos?
Os sujeitos que organizam os arquivos são os bibliotecários e documentalistas, para quem está fadada a representação do que aqueles que produzem conhecimento escrevem e pensam. Enquanto que os sujeitos autorizados a ler, escrever, interpretar e produzir conhecimento são os pesquisadores, autores - os quais para a autora ocupam um papel de maior valorização pela sociedade. Posto que é quem tem o direito de analisar, interpretar, criticar e reescrever. Para o bibliotecário "sobra" o papel de tentar reproduzir a ideia do autor da obra. Não podendo ir além dele.

4. Qual a diferença entre a leitura como apreensão do documento (literal), da leitura interpretativa?
A leitura como apreensão do documento é a leitura técnica que o bibliotecário realiza no seu trabalho de indexador. É baseada em técnicas específicas de identificação do assunto principal da obra, enquadrando a obra em uma classe do conhecimento. Já a leitura interpretativa é aquela realizada pelos leitores não-bibliotecários, cujo interesse é crítico e está para além de concordar e reproduzir a visão do autor, interpretando-a e podendo extrapolá-la com a visão de outros autores.

5. O que para Orlandi (1994) constitui-se no "equívoco constitutivo da ideologia"?
As interpretações realizadas pelo sujeito já vem carregada de uma memória (filiação), que aparece como negada, sem que nem mesmo o sujeito se dê conta disso. Não existe a tal neutralidade sugerida por autores que tratam sobre indexação. Desse modo, fica impossível rever a prática realizada haja vista que o próprio profissional não percebe que aquilo que ele diz acreditar, não vem dele e sim de uma construção ideológica histórica de poder.

6. O que a autora quer dizer com a "ilusão da completude" em torno da prática biblioteconômica que se quer investigar?
A ilusão da completude significa que, para a autora, o bibliotecário é formado com a ideologia de que é possível representar e analisar uma obra em sua totalidade, usando para isso da neutralidade defendida pela maioria dos autores que versam sobre indexação. O que para a autora é impossível.

7. Qual é o instrumento de trabalho do bibliotecário, segundo o texto?
A leitura.